quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Exercício do amor

Quando a gente resolve criar um blog é para que tenhamos espaço onde possamos expressar nossas opiniões de forma direta, franca, exercitando, portanto, nosso livre pensar.

Umbanda é um assunto que faz parte da minha vida assim como tomar banho, escovar os dentes, comer. O comprometimento que temos com nossa religião, seja ela qual for, é tamanho e reflete, além de nossa fé, nossa determinação por um mundo melhor, um mundo de paz e amor.

Nossa Umbanda proporciona tudo isso. Questão de exercício. Deixa-me fazer entender. Quando desejamos ter saúde, passamos a nos alimentar melhor, praticar algum tipo de atividade física, respirar melhor, se é que me entendem. Na religião é a mesma coisa: exercício. De fé, amor. Não podemos deixar que os pensamentos ruins tomem conta da nossa cabeça e do nosso coração. Tolerância é, talvez, um dos exercícios mais duros. Há de se fazer força mesmo para praticá-la.

E assim com todos os sentimentos que deixam nossa alma limpa. Vaidade. Esse é um mal que suja a alma mesmo. Não aquela vaidade natural que temos, em escala que não prejudique ninguém, nem a nós mesmos. Querer vestir-se bem, usar um perfume, ir ao cabelereiro, desejar algo mais que não seja imprudente e incoerente com a lei do amor.

Portanto, creiam: todos os dias tento exercitar-me de amor. Amor ao próximo. Tolerância. Fácil? Não. Impossível? Jamais!

Chamo os amigos para esse exercício. O do amor diário! Quem topa?

Saravá!

3 comentários:

  1. Dia desses, ao abrir a porta do meu carro no estacionamento da locadora, encostei o espelho no espelho do carro ao lado. Encostadinha normal, dessas corriqueiras, mas havia um menino de uns 16 anos no veículo ao lado que fez um escândalo ao ouvir o encontro das latarias/plástico.

    Ainda sem entender a razão dos gritos e xingamentos, conferi e vi que não havia nem sombra de qualquer estrago (foi uma encostada, não uma batida). Alisando a lataria, pedi a ele que se acalmasse e que conferisse comigo que estava tudo bem. Ele resmungou que não sairia do carro e que eu tinha que ter mais cuidado (mesmo sem ter estragado nada). Suspirei e desejei um sincero "bom domingo" para ele, já que nada havia acontecido ao seu precioso bem.

    Peguei o filme na locadora, contei até 10 (não é nada fácil para uma filha de Ogum) e pensei no quanto o guri devia sofrer. Pensei em pais brigando por bobagem, em gritos, em falta de amor. Pensei na sorte que eu tenho nesta vida.
    Resolvi voltar a falar com ele.
    Bati na janela, ele olhou e eu lancei:

    eu: "Oi. Queria que você soubesse que não aconteceu nada com o carro, mas mesmo se acontecesse eu pagaria o conserto. Só que não precisou, né, então você não precisava ter gritado desse jeito."

    piá (ainda alterado, mas meio jururu de começar a perceber que não tinha razão no escândalo): "só falei pra você aprender a ser mais cuidadosa"

    eu: "ah, não, me desculpe, mas quem tem que ser cuidadoso é você. Se eu fosse um homem nervoso e armado já teria saído atirando. Para sua sorte eu só tenho amor no coração" - disse de verdade, tranquila e sorridente, e prossegui: "este carro vai quebrar, ser consertado, ser vendido e um dia vai virar sucata. Ele não vale nada, é matéria, mas você é MUITO PRECIOSO. Igual a você não tem mais nenhum no mundo. Cada pedaço seu é divino, menino, você não tem preço, sua vida vale ouro! Então se dê valor e se cuide, porque numa outra vez você pode não ter tanta sorte. E fique bem, ok?" (nessas horas eu sorrio muito e o meu marido insiste em dizer que eu pareço ter o triplo da minha idade)

    Ele só respondeu um "ok" bem murcho, depois de ter passado o tempo todo me olhando com os olhos miúdos. Percebi sua emoção. Tive muita dó dele, mas tenho esperança que ele não reaja daquela maneira despropositada com mais ninguém. Ou ele aprendeu, ou me tirou para insana. No mínimo vai pensar duas vezes antes de incitar a violência de novo.

    Para mim ficou a lição de que onde se cultiva o amor a violência é uma ofensa impraticável e qualquer um que a incite deve, antes de tudo, ser compreendido, porque ainda não teve a sorte de aprender o que realmente é valioso nesta vida. Não é fácil, mas tentar já é um passo.

    Todas as campanhas pela paz deviam começar com a exaltação ao amor e compreensão com quem ainda não o descobriu. Lennon tinha razão: "ALL WE NEED IS LOVE"

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  2. Amor diário, achei que sabia o que era...
    Até meu filho nascer!

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